A formidável história do brasileiro que viajou de bicicleta até Nova York

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O brasileiro Rubens Pinheiro foi uma criança que não parava quieta muito desde sua infância e isso fez ele ter alguns problemas com seus pais.
Quando cresceu, o brasileiro queria ser livre, e nisso ele tentou fugir de sua casa. Depois aos 16 anos decidiu ir caminhando desde Salvador na Bahia até o Rio de Janeiro de Janeiro.
A caminhada abriu o caminho para uma aventura ainda maior:
Uma inédita viagem de bicicleta desde sua cidade Salvador até a cidade de Nova York, nos Estados Unidos. 
Hoje essa façanha pode não parecer tão comum, mas falta um detalhe que isso aconteceu a 90 anos atrás.

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A incrível viagem de três venezuelanos que abriram caminho um facão e machado desde a selva de seu país até os Estados Unidos, em 1948. 
Era em 15 de março de 1927 e faltavam cinco meses para que o jovem tivesse 18 anos. Com 1,70 metros de altura e pesando 65 quilos, partiu de sua cidade natal, com roupa de escoteiro, para ir pedalando até o que nessa época era a maior metrópole do mundo.
Ele acordou cedo, se despediu de sua mãe e de sua irmã, e foi para a porta do jornal Diário de Notícias. 


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Ali o esperavam em meio de uma festa, curiosos, jornalistas e um grupo de mais de 100 ciclistas que acompanharam o início do trajeto. Em 1927 e 1929, pedalando em sua bicicleta da marca alemã Opel, Rubens Pinheiro recorreu o continente americano, em um trajeto sinuoso de mais de 18.000 quilômetros, atravessando à fronteira de 11 países.
A idéia de realizar a façanha lhe surgiu quando estava viajando pelo estado do Espírito Santo e cruzou na estrada com o pernambucano Mauricio Monteiro, que realizava uma viagem em uma bicicleta desde Recife até Buenos Aires, na Argentina.
Depois de rejeitar um convite para seguir juntos, Monteiro falou sobre a rivalidade entre a Bahia e Pernambuco e ironizou sobre a suposta falta de coragem dos baianos. 
Rubens Pinheiro então jurou ali mesmo que faria uma viagem ainda maior que o de seu involuntário instigador.
Para conseguir dinheiro para a viagem pediu doações aos comerciantes em Salvador, conseguindo juntar 10.000 Reais, que levou em uma mochila junto com poucas roupas, com coberta de coro de serpente e páginas em branco para que pudesse ser um diário.


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Viagens do Brasil até os Estados Unidos

"Estou disposto a tudo, inclusive passar fome e sede, a sofrer de tédio, e passar sustos, (e que deus me livre das cobras e das onças), a levar a bicicleta nas costas.
Quero conhecer Nova York sem ser por fotos", declarou ao público reunido no Diário de Notícias no dia de sua partida para a viagem.
Sua primeira parada foi na vizinha cidade de Santo Amaro da Purificação, para se despedir de Euthymia, sua namorada. Ela lhe deu uma foto sua para que, quando Rubens Pinheiro chegasse à Nova York, fosse publicada junto a dele pela imprensa dos Estados Unidos.
Seguindo pela interior da Bahia, Rubens Pinheiro com sua bicicleta bateu em outro ciclista ao que lhe apostou que ganharia uma corrida, quebrando sua Opel, que teve que ler levada em trem para ser reparada em Salvador. Em vez de esperar que a arrumasse, tomou outro trem de volta a capital e decidiu ficar uns dias com sua família, aproveitando que era Semana Santa. 
As pessoas encontravam na rua e lhe perguntaram com irónia: "Já voltou de Nova York?".


O ENCONTRO COM A HISTÓRIA


Mas Rubens Pinheiro retomou sua viagem e nunca voltou a parar. Para sobreviver na estrada fazia o impossível para ganhar o dinheiro necessário para continuar.
Por esse motivo, ele gostava de se exibir na praça pública fazendo manobras com sua bicicleta em cada cidade que chegava.
Aprendeu também que devia logo visitar a imprensa local para se promover, o que ia atrair a ajuda de políticos e comerciantes. 
Na praça principal de Santo Amaro fez várias manobras, umas voltas fantástica com sua Opel, e nisso fez que ganhou palmas das pessoas.
"Gosto de saída lindas, confessou que era sua fraqueza", ele contou ao diário do Rio de Janeiro A Manhã, em 1929.
Durante o caminho percorrido encontrou não somente com o caminho mais também com a história. No interior da Bahia encontrou um acampamento abandonado do movimento político militar brasileiro Coluna Prestes.



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No Pará, ficou impressionado com a grandeza do rio Amazonas, mas no Alto do Rio Negro teve que passar um dia em cima de uma árvore, em plena selva amazônica, esperando que uma onça desistisse de comê-lo.
Ao cruzar a fronteira do Brasil, Rubens Pinheiro chegou a Venezuela e enviou um telegrama de parabéns e uma carta pedindo ajuda a então presidente, o ditador e general Juan Vicente Gomez. O político venezuelano mais poderoso da época lhe retribuiu com uma contribuição de 5.000 bolivares.
No Panamá, Rubens Pinheiro encontrou as forças de ocupação dos Estados Unidos na região do Canal, mas fez amizade com os oficiais, que o convidaram a dar uma volta em avião que lhe pareceu mais com uma montanha russa aérea.
Na Nicarágua novamente encontrou com as tropas dos Estados Unidos, mas dessa vez terminou capturado temporalmente pelos fuzileiros navais da marinha, que o confundiram com um guerrilheiro.
No país vivia em estado de sitio e tentava liberar-se do domínio dos Estados Unidos. Em suas memórias, Rubens 
Pinheiro afirmava que na estrada teve como acompanhante o revolucionário Augusto Cesar Sandino, líder da luta contra os invasores e ideólogo do movimento sandinista que hoje é partido político.
Quando chegou à cidade do México, em janeiro de 1929, uma grande recepção o aguardava. Centenas de ciclistas o acompanharam até a embaixada do Brasil, onde se hospedou.
Depois, foi recebido pelo presidente Emílio Portes Gil que lhe deu um cheque de 5.000 pesos.
Rubens Pinheiro partiu aos Estados Unidos, no final do período conhecido como os "roaring twenties", marcado pelo jazz, a emancipação feminina, e a crescente presença do rádio e do cinema.
Foi uma época de otimismo que acabaria esse ano, com a quebra da Bolsa de Nova York e a crise de 29. Para chegar a Grande Maçã, andou boa parte desse país, viajando por enormes estradas.
As 14:00 de abril de 1929, depois de passar dois anos pedalando, o famoso ciclista brasileiro chegou a Nova York. Já não tinha a foto de sua namorada, que havia perdido no início da viagem, mas colecionou novos amores durante sua viagem.
"Agora estou quebrado, é bom ver Nova York, é bonita, mas, muito grande!. Vou voltar ao Brasil tão rápido como posso andar de bicicleta e andar a cidade", disse a imprensa local, segundo contou em suas memórias.

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Os brasileiros residentes no Brooklyn organizaram um banquete em homenagem a Rubens Pinheiro. Sem roupa adequada para a ocasião, teve que pedir ajuda ao cônsul-geral do Brasil, Sebastião Sampaio, que o levou a comprar uma roupa e evitar a vergonha.
Sebastião Sampaio também telegrafou ao ministério de Relações Exteriores, o baiano Octávio Mangabeira, solicitando uma recompensa para Rubens Pinheiro, mas nunca recebeu uma resposta.
Rubens Pinheiro passou a residir no sótão da casa número 13 em União Street, no Brooklyn. Trabalho lavando pratos em restaurantes e logo na General Motors. Em junho, quando seu visto de permanência terminou, volto ao Brasil.


 DE VOLTA AO BRASIL



Em caminha de volta ao Brasil, a bordo do barco Southern Cross, Rubens Pinheiro tinha a esperança de ser recebido com honras no porto do Rio de Janeiro, que estava preparando para uma ocasião festiva.
Perola homenageada era uma passageira de primeira classe, "Miss Brasil" Olga Bergamini de Sá, que voltava de concursar em Miss Universo em Galveston, nos Estados Unidos.
Ofuscado pela atenção alheia, Rubens Pinheiro tratou de buscar reconhecimento.
Foi a uma audiência pública com o presidente Washington Luis, no Palácio do Catete.
Queria dizer-lhe que havia aprendido a andar de bicicleta em Macaé, cidade natal do mandatário, durante sua caminhada entre Salvador e Rio de Janeiro, mas não teve tempo de lhe contar.
Brasil te mandou fazer algo? lhe perguntaram, segundo o relato de Rubens Pinheiro, o último mandatário da República Velha, que seria deposto no ano seguinte pela Revolução de 30.
Na antiga capital do Brasil, Rubens Pinheiro ajudado pelo francês Louis La Saigne, diretor das lojas Mesbla, em troca de deixar sua bicicleta exposta na vitrine. 


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Também no Rio de Janeiro, o jornal A Manhã publicou, em capítulos, parte das histórias da viagem, baseando-se em entrevistas com ele em seu jornal.
De volta a Salvador, uma missa na Igreja de Bonfim, organizada pelo próprio Rubens Pinheiro, levou uma multidão de curiosos para saudá-lo.
A saída da igreja se exibiu ao público pedalando de costas nas escadas e foi ovacionado. Voltaria a recebe aplausos em 1934, quando um circo chegou a Salvador oferecendo um prêmio a quem se aventurassem no globo da morte. Rubens ganhou o prêmio e seguiu com o circo, mas se acidentou seriamente depois de várias sequências de saltos, três anos depois.


O LEGADO DE RUBENS PINHEIRO


Durante o resto de sua vida Rubens não obteve outros reconhecimentos por sua viagem. O único momento em que se sentiu homenageado foi em 1979, quando se cumpriu um século de sua façanha. Foi realizada uma nova missa na Igreja do Bonfim e uma comemoração em Praça Municipal, com um bolo de 50 metros de altura, feito por alunos da Faculdade de Engenharia, que também construíram uma plataforma interna para que uma das netas de Rubens Pinheiros ficasse em cima do bolo.
Nesse mesmo ano, ele publicou suas memórias em um livrinho azul de 68 páginas, que vendeu ele mesmo, agora abordo de uma cadeira de rodas que o acompanhou em seus últimos anos.
No texto, se queixou de sua sorte, comparando-se com Ícaro, o filho de Dédalo na mitologia grega, e se auto se definiu um "herói esquecido".
A filha maior de Rubens Pinheiro, Olga Pinheiro foi batizada em homenagem a Miss Brasil Olga Bergamini de Sá. 


olga bergamini de sá e rubens pinheirohomenagem a rubens pinheiro o homem que viajou até os estados unidos de bicicleta




Aos 87 anos, é ela que guarda o livro da viagem com capa de couro que, além dos relatos de Rubens Pinheiro, levou a assinatura de presidentes, autoridades e testemunhas da viagem em bicicleta de seu pai.


neto de rubens pinheiro


Um dos netos da família Pinheiro, também chamado Rubens, é ciclista como seu avô e participa de provas de resistência.
"Meu avô significa tudo, ele para mim é a representação de que nada é impossível como atleta", afirmou.
Passados as festas pelo jubileu, voltou a ser esquecido. Rubens Pinheiro morreu em 1981, aos 71 anos, sem que sua história tivesse recorrido às mesmas distâncias que ele em sua bicicleta Opel.

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